Essas teorias de livros de auto-ajuda sentimental estão certas em sua grande maioria. Ou melhor, aquele cara do livro, “Ele simplesmente não está a fim de você”, está certíssimo. Greg alguma coisa. Melhor livro desse tipo que já li. É difícil colocar em prática porque implica em admitir que muitos caras não estão a fim. Fere um pouco o orgulho, mas a gente passa a gastar tempo e energia com caras que estão de fato interessados, e não com aqueles que não têm nada melhor pra fazer e te dão um mínimo de atenção porque você até que é bonitinha.
Depois que li, resolvi que não ia mais me contentar com as migalhas de atenção que às vezes a gente recebe. A gente manda scrap no Orkut e ele responde. Manda outro scrap pedindo email. Se o email for do msn, já adiciona. Ele mal entra online a gente manda um “ooooiiii” todo empolgado. Puxa assunto. Acha que foi um papo super legal. Às vezes até foi, mas você fez todo o trabalho sujo. E aí claro que tem aquela super insegurança, não dá pra saber se ele está interessado ou não: ele nem teve que fazer nada. Aliás, nem ele sabe se está interessado ou não, não deu tempo nem de processar todas as informações que você despejou.
Já me fiz de tonta várias vezes. Mandava email e fazia qualquer pergunta no final, porque aí eu sabia que ele ia ter que responder. Fazia uma super pesquisa pra conseguir encontrar no Orkut e depois adicionava como se eu o tivesse encontrado “sem querer” na página de algum amigo em comum. Ia a lugares só porque sabia que ele estaria lá. Não que tenha algo de errado nisso (ele só não pode saber que você foi lá para vê-lo), mas eu me desdobrava para conseguir ir. E o saldo final? Migalhas. Sempre. E às vezes algum coração partido.
Algumas decepções e muitos livros de auto-ajuda divertidíssimos depois, comecei a prestar mais atenção em alguns detalhes. Virei conselheira de amigas. “Ele entrou online mas ainda não falou comigo. Posso mandar mensagem primeiro?” Não. “Mandei um scrap super bonitinho e ele me respondeu com duas palavras. Posso mandar outro?” Não. “Ele tá sentado longe de mim, posso mudar de lugar pra ficar mais perto?” Não mesmo. E não é que eu estava certa? O cara em questão mais tarde mandou mensagem no MSN e puxou papo, o outro mandou outro scrap depois, e o que estava sentado longe mudou de lugar pra ficar mais perto. No fim, não muda tanto o resultado final. Talvez se elas tivessem mudado de lugar, mandado mensagem e mandado o scrap, elas se sentiriam satisfeitas com o saldo. Mas muda a sua posição. Muda o modo com que ele te vê. Você não precisa da atenção (ou das migalhas) dele. Muda o modo com que você vê a situação, porque aí você sabe que ele te deu atenção porque ele quis e não porque você deu o primeiro passo.
Nós somos bonitas, bem sucedidas, inteligentes e simpáticas, mas grande parte morre de medo da estatística que diz que há 8 mulheres para cada homem. E isso sem contar os gays, não disponíveis e os insuportáveis em geral. Mas a estatística também não conta as absurdamente atiradas, as gays e as insuportáveis (porque como tem mulher chata nesse mundo!). Com ou sem estatística, uma coisa que precisamos sempre nos lembrar é: podemos nos dar ao direito e ao luxo de receber atenção. Porque todo homem diz que, quando está interessado, vai atrás. Então, se ele não está interessado, eu também não. Nos conhecemos, conversamos, o papo foi bom, teve química, fiquei encantada. Mas se depois disso ele nem me procurou, não perguntou de mim, nem lembrou que eu existo... então deixa pra lá. Quem sabe o que aconteceu? Às vezes ele já está apaixonado por outra. Às vezes só eu senti a química. Vai ver ele gosta de morena e eu sou loira. Um monte de coisas pode ter acontecido, mas só uma coisa realmente importa: ele não está a fim de você.
Depois de aconselhar amigas mas nunca colocar meus próprios conselhos em prática (até por falta de oportunidade, porque minha vida social andava tãããoooo agitada), resolvi testar essa teoria “se ele quiser ele que venha atrás”, e não é que até aqui tem funcionado? Vou te falar, é ótimo. A gente recebe atenção, é paquerada, conhece pessoas ótimas e depois não tem aquela ansiedade de “será que ele gosta de mim”, porque o trabalho pesado fica na mão deles e quando o telefone toca ou um email novo chega, eu sei que é porque alguma impressão eu fiz, e não porque estão apenas respondendo o que eu já mandei. Faz bem pra auto-estima e faz bem pro coração. Diminui drasticamente decepções amorosas e a gente perde menos tempo com relacionamentos furados. Antes gastar tempo com você mesmo do que com gente que não merece sua atenção. E quando menos se espera, tem gente muito interessante gastando tempo com você.
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